terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Para Viver Mais e Melhor!

Se for amor... que seja eterno e que transborde inundando  outras vidas;


Se for carinho... que não seja reprimido, mais exteriorizado;


Se for compaixão...que seja intensa e militante;


Se for saudade... que traga um sorriso maroto nos lábios, acompanhado de um ligeiro suspiro como que dizendo, valeu a pena ter vivido cada segundo;


Se for espiritualidade, que seja a de Cristo Jesus, com a mesma disposição de esvaziar-se de si a fim de encher a outrem;


Se for piedade, que seja sincera, despretensiosa e não mercantilista e pervertida;


Se for para sorrir... sorria como a criança ao reencontrar o seu pai no portão da escola após o seu primeiro dia de aula; 


Se for para orar... que seja com o sentimento do recém nascido, que não reconhece muita coisa ao seu redor, apenas uma presença (do pai ou mãe), que ele entende como sua origem, fortaleza, lhe passando segurança pétrea e dizendo-lhe sem palavras: Em Mim você pode confiar!


Se for para Pregar... que seja com a mente de um erudito, a humildade de um servo, a disciplina de um discípulo  e a paixão de um evangelista!


Enfim, se for para viver... que seja como que nada tendo, mas possuindo TUDO! Lembrando-se sembre que tudo debaixo do Sol, como mencionou o Eclesiastes é vaidade.  Sendo assim, vivamos a plenitude de Deus, na plenitude da vida, refletindo diuturnamente o Brilho da Glória de Cristo que reina eternamente acima do Sol! 
Tiago.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Discípulo do Amor



 
O tema do amor cristão me parece um desafio em dois andares: o da ortodoxia, em cima, e o da “ortopraxia”, no térreo.
No andar de cima encontro o ensinamento de Jesus e de seus apóstolos, inspiradores e desafiadores. Nesse âmbito, ouço Jesus dizer que seremos reconhecidos como seus discípulos se tivermos amor uns pelos outros (Jo 13.35); ouço Paulo orar por nós, para que, pela fé, tenhamos raízes e alicerces no amor (Ef 3:17); ou então João, a dizer que aquele que não ama não sabe nada de Deus (1 Jo 4).
No andar de baixo encontro o desafio da prática desse mandamento de Jesus, acrescido do entendimento apostólico de que fazer discípulos significa também ensinar a amar (Mt 28:19). Nas palavras de René Padilla: “...efetivamente, a experiência do amor de Cristo, que segundo Paulo 'excede todo entendimento', só é possível 'com todos os santos' ... só é possível na igreja, 'a família de Deus', onde os discípulos aprendem a amar...” (Ultimato 328, p. 36).
O discípulo de Cristo precisa conhecer o que seu mestre espera dele. Para isso, observa suas palavras e atitudes; considera o que seus apóstolos ensinaram a respeito e como eles mesmos vivenciaram esse ensino e exemplo. Por outro lado, o “discípulo do amor” precisa manifestar em sua vida comunitária esse sinal, essa marca da nova vida que recebeu do Espírito Santo.
Eis o desafio dialético: precisamos aprender e ensinar a amar — nos dois andares! Não basta abrir a Bíblia e aprender sobre o amor. Esse ensino fica incompleto. É preciso coerência com o térreo; com a “ortopraxia”: a prática correta; uma escada ligando os dois andares.
Surge, assim, a questão inevitável: como se aprende a amar? Minha resposta: pelo andar de cima, obedecendo; ou seja, sem considerar emoções (gostar ou não), amando: abençoando, fazendo o bem, permitindo o bem, ensejando o bem a amigos e a inimigos. Já, pelo andar de baixo, aprende-se a amar sendo amado. Sim, uma dimensão passiva dessa pedagogia divina. E é aqui, me parece, que a experiência do amor de Cristo “excede todo entendimento”. É onde aprendo sobre graça e afeto; sobre a segurança que o amor de Deus traz; sobre a incrível sensação de ser amado, apesar de ser conhecido como realmente sou.
Ai, que conflito! Meu maior sonho é ao mesmo tempo meu maior temor: ser conhecido. Na transparência (que advém da proximidade e que permite a comunhão) posso encontrar descanso e paz. Mas posso encontrar, também, rejeição. O temor é que, quando descobrirem meus defeitos, passem a me odiar.
Mas é aqui que João nos exorta a que pela fé vençamos nossos medos e aprendamos, com sabedoria e oração, a “andar na luz”. E as palavras que ele usa para “luz” são: verdade, confissão, perdão e purificação. (1 Jo 1:1-10).
— Transparência? Confessar tudo? Na minha igreja? Me botam na rua! Talvez nos falte um pouco do andar de baixo.
Procuram-se “mestres do amor”: gente que aprendeu a amar porque foi muito amada — apesar do seu pecado. Incondicionalmente, portanto. Oferecem-se “discípulos do amor”: gente desconfiada, que não crê mais nisso — mas que está disposta a tentar uma última vez.

Fonte: http://www.amorese.com.br/hp/Blog/Entradas/2011/9/16_Discipulos_do_Amor.html

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Venha o Teu Reino - Ed René Kivitz

As chaves do reino e o jugo de Jesus


Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
(Mateus 13: 52-53)

O jugo dos rabinos
Jesus diz que há “rabinos” e “rabinos”. O que distingue os rabinos é a experiência do reino de Deus. Os rabinos que são instruídos no reino dos céus têm em casa um tesouro contendo coisas velhas e coisas novas. As coisas velhas da tradição de Moisés, e as coisas novas do reino de Deus.
O rabino é essencialmente um intérprete da Lei de Moisés. Ele é responsável por responder a seguinte pergunta: Como colocar a Lei em prática? A espiritualidade judaica é de ação, e os rabinos interpretam a Lei para tentar discernir quais ações um seguidor da Lei deve realizar, e quais deve evitar.

Quando o rabino interpreta a Lei, ele está preocupado em permitir e proibir, em termos simples, dizer o que pode e o que não pode. Por exemplo, considerando que o sábado é dia de descanso, santificada para Deus, qual é a maior distância que se pode percorrer? Um rabino dirá “cinco quilômetros”, outro dirá “cinco quilômetros, desde que não se leve nenhuma carga”. Os rabinos dedicam suas vidas essencialmente a discutir o horizonte de possibilidades de práticas da Lei para a vida dos seguidores. Seu grande desejo é chegar o mais próximo possível da intenção original de Deus ao proferir um mandamento.

Os rabinos possuem diferentes regras, isto é, cada um tem sua lista de proibições e permissões, que registra a interpretação que o rabino tem da Lei, sua compreensão de como se deve viver a Torah. Essa lista é chamada de o jugo do rabino: cada rabino tem seu jugo, que seus discípulos devem aceitar e obedecer. Quando alguém segue um rabino então se diz que está sob o jugo do rabino.
Na tradição judaica os rabinos faziam perguntas aos seus discípulos a respeito da Lei. Por exemplo: O que é guardar o sábado? De acordo com a resposta, o rabino responderia: “Muito bem, você cumpriu a Lei”. Caso a resposta não fosse aceita pela rabino ele diria ao seu discípulo “Você aboliu a Lei”.
De vez em quando, aparecia um rabino que dizia ter uma outra interpretação da Lei. Então, todos os rabinos se reuniam para discutir se essa nova interpretação estava cumprindo ou abolindo a Lei. Para um rabino ter sua autoridade reconhecida, receber o direito de ter seu próprio jugo, deixar de ser discípulo sob o jugo de um rabino e ter seus próprios discípulos sobre quem colocará seu jugo, havia necessidade do testemunho de pelo menos dois outros rabinos. Os dois rabinos mais antigos diziam: “Cremos que este novo rabino tem autoridade para interpretar a Lei e que suas interpretações cumprem a Lei”. Quando isso acontecia, o novo rabino recebia as chaves do reino, permissão para permitir e proibir, fazer sua própria lista de obrigações dos seus discípulos. Agora ele tinha autoridade para ligar e desligar.
O jugo de Jesus
É nesse contexto que entendemos as expressões de Jesus:
“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir”.
Mateus 5.17

“Vocês ouviram o que foi dito… Mas eu lhes digo”.
Mateus 5-7

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Mateus 11.28-30

“Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas”. “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”.
Mateus 16.13-19

“Então, Jesus disse à multidão e aos seus discípulos: “Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados (jugos pesados) e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los”.
Mateus 23.1-4

As pessoas, e principalmente os escribas e mestres da Lei, começam a questionar a autoridade de Jesus: “Quem foi que autorizou você a ter discípulos? Quem deu a você autoridade para falar e fazer essas coisas?” (Mateus 21.23). Isso explica porque em seu batismo Jesus recebeu o testemunho de João Batista e também da voz do céu (Mateus 3.13-17) – duas testemunhas, duas fontes de autoridade.
O jugo dos discípulos de Jesus
Quando Jesus entrega as chaves do reino a Pedro, na verdade está entregando a chave nas mãos de sua igreja, sua ekklesia. A rocha sobre a qual a igreja está edificada não é Pedro, mas a confissão de Pedro a respeito da messianidade de Jesus, ou mesmo a própria messianidade de Jesus, ou ainda o própria Jesus (1Pedro 2.4-8). Jesus estava dizendo aos seus discípulos: “Aqui estão as chaves do reino , o que vocês ligarem aqui será ligado no céu. A mesma autoridade que recebi, eu lhes dou. A mesma autoridade que eu tenho, a minha igreja tem”.
A partir da confissão de Pedro e da admissão pública de Jesus a respeito de sua messianidade, surge um novo grupo de discípulos judeus na Palestina: pessoas que não estavam mais sob o jugo da Lei de Moisés, mas sim sob o jugo de Jesus.
À medida que o evangelho do Reino se espalhava, os judeus convertidos começaram a discutir os limites da Lei, isto é, de que maneira o jugo de Jesus era diferente do jugo de Moisés. Os apóstolos e anciãos da igreja se reuniram em Jerusalém e concluíram: “Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue” (Atos 15). Naquele chamado Concílio de Jerusalém vemos claramente a comunidade de Jesus usando as chaves do reino, proibindo e permitindo, ligando e desligando.
Jesus reúne seus discípulos, coloca sobre ele o seu jugo, e em seguida lhes dá a chave do reino. Os apóstolos sabem que a chave do reino está em suas mãos, o que significa que eles também têm, autoridade para estabelecer um jugo aos gentios, e então, decidem colocar um jugo mais leve sobre todos.
Em Mateus 19, por exemplo, fala-se a respeito do divórcio. Jesus assume um posicionamento conservador, ao lado do rabino Shamai, em detrimento do rabino Hilel. Entre o jugo de Shamai e Hilel, Jesus ficou com o jugo de Shamai, que permitia o divórcio apenas em caso de perversão sexual (gr. pornéia). Mas em 1Coríntios 7, o apóstolo Paulo avança a discussão e amplia a possibilidade de divórcio: o abandono pelo descrente por motivo de fé. Este é um exemplo claro de como a igreja usou a chave do reino para proibir e permitir, ligar e desligar.
Esta é a base bíblica para afirmarmos que a igreja tem a prerrogativa que lhe foi conferida por Jesus de acompanhar a história, o contexto social e cultural, e dizer aos novos discípulos a que jugo devem se submeter no discipulado de Jesus.
Note bem que a prerrogativa para proibir e permitir, ligar e desligar, não está nas mãos de nenhuma pessoa em particular, mas da Igreja de Jesus. A autoridade é da igreja, e os pastores também estão sob o jugo da Igreja. Teologia é algo que se faz em comunidade, e mesmo as comunidades não devem permanecer isoladas, enclausuradas em seus horizontes estreitos, mas devem andar em comunhão com o corpo de Cristo espalhado no tempo e no espaço: em toda a história e todo lugar. Buscar o consenso da comunidade de Jesus é uma questão de segurança que visa a fidelidade a Jesus e à verdade revelada de Deus nas Escrituras Sagradas. O Espírito Santo nos guia a toda a verdade e nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16.7-15), o que significa que somente sob o Espírito Santo a comunidade é capaz de interpretar e atualizar o jugo de Jesus.
Cada cristão é responsável diante de Deus por avaliar seus mestres espirituais, discernir os falsos profetas, para que não se coloque sob jugo infiel (Mateus 7.15-23; Atos 17.11; 20.28-30; 2Coríntios 11.13,14; Filipenses 3.17-21; 1Timóteo 1.5-8; 2Timóteo 2.14; 3.1-9; 4.1-5).
Andar com Jesus, é andar debaixo de um fardo leve: “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados” (1João 5.3). Isso implica viver em comunidade. Implica assumir o compromisso de ouvir o que a igreja tem a dizer e se submeter à voz do Espírito que fala na comunidade: “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2.7).
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BELL, Rob. Velvet Elvis: repainting the Christian faith. Grand Rapids: Zondervan, 2005.
http://www.jcstudies.com (Center for Judaic-christian studies)
The complete works of Josephus, trans. Willian Whiston. Grand Rapids: Kregel, 1960.
JEREMIAS, Joaquim. As parábolas de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1986.

http://JerusalemPerspective.com